O MEU CÉU AZUL

 

Sussurro as palavras que quero ouvir

Só para mim

Com alento...

Divago no tempo que não tenho

A cada dia que passa...

Acrescento mais um

De esperança

Não desistirei do meu sol

Nem do meu céu azul

Procuro o pincel...

Com todas as cores

Para colorir o vazio incolor

Que me invade

Plantarei um novo sonho

Que irá crescer

E transformar-se

Num imenso jardim

De muitas e belas flores

Com as cores do arco-íris

Sacudirei o pó que me ofusca

Irei atrás da história colorida

Sempre pintada a preto e branco

Seguirei o cheiro a primavera

Deixarei de vez o inverno

Cinzento... e frio.

Mário Margaride 

O POETA

O Poeta...sofre a dor

É sua voz, seu herói 

Mas também seu mensageiro 

Quando essa dor, já não dói 

O Poeta... faz sonhar 

O sonho e a fantasia 

Pinta o mundo com mil cores 

Dá ilusão aos amores 

Que esquecem as suas dores 

Vivendo eterna utopia 

O Poeta... também ele

Tal como toda a gente 

Até a si próprio se ilude 

Para também... ficar contente. 

Mário Margaride 

NUMA QUALQUER DIMENSÃO

Gosto do gosto dos teus lábios

Molhados, sensuais...

Adoro o teu corpo esbelto

Que estremece, quando toco

Gosto das tuas ancas

Finas, sedutoras...

Adoro o teu cheiro

A rosas perfumadas

Gosto quando sorris

Teu rosto se ilumina

E o teu olhar...me enfeitiça

Penetrante, mas terno

Gosto das tuas mãos

Brancas...e finas

Que sabem acariciar

Deslizando suavemente...

Pelo meu corpo

Toda tu... és o meu sonho

Que um dia, que um dia...

Se tornará realidade

Numa qualquer...dimensão.

Mário Margaride 

O SONO

Quando as luzes se apagam

E a noite chega...

Tudo se esvanece na madrugada absorvente

Tragando no seu seio

O torpor do iminente stress

Que nos devora

Na rotina diária

Da nossa existência

O sono e o sonho...

Aparecem como drogas

Impedindo-nos de pensar

Pesadelo?

Ou não!

Anestesiado o nosso corpo

E o nosso pensamento

Qual heroína

Entrando nas veias

Devassando a nossa mente

Atirando-nos para um gueto

À margem de tudo que nos rodeia

Não durmam! 

Não sonhem!

Não se desliguem da realidade

Pensem!

Lutem!

Contra o marasmo do existencialismo passivo

E sedentário

Esperando...

Que tudo aconteça

Absortos

Num sono profundo.

Mário Margaride 

O ECO DOS MEUS PASSOS...

 

Ouço o eco dos meus passos...

Num caminhar solitário

E sereno

Ouço o meu querer...

Querendo

Num sussurro leve, e doce

Sinto as entranhas...

Fervilhando de emoção

Num mar de sensações

Indescritíveis...

Ouço o coração a bater...

Desordenado

Sinto os meus sentidos...

Sentindo

Embriagando-me

No torpor das emoções

Ouço o eco dos meus passos....

Dentro de mim.

Mário Margaride