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domingo, 20 de abril de 2025

MINHA ALMA


Não sei onde está a minha alma!

saiu do meu corpo

desligou-se de mim…

 

Procurei-a nas vielas sombrias

nas montanhas íngremes da agonia

nos muros da inquietação

 

Perguntei se a tinham visto

me disseram que sim

que estivera lá

mas saiu apressada

para afogar as lágrimas

no mar da frustração

 

Corri ao encontro dela

tentei a todo o custo encontra-la

mergulhei nas águas geladas

do rio do desespero

mas em vão…

não consegui encontra-la

 

Desolado, voltei para casa

e cai na cama…

completamente arrasado

não conseguia adormecer

apesar do cansaço

que me consumia o corpo

não parava de pensar e me interrogar

por onde andaria a minha alma?

porque fugiu de mim?

ao fim de muitas e muitas horas

adormeci

e sonhei com ela

com a minha alma

 

Então nesse sonho

falou comigo, e me disse

porque fugiu de mim

porque abandonou o meu corpo

 

Disse-me então a minha alma:

sabes? estava cansada de viver triste

num corpo magoado, desiludido

destroçado

decidi então, fazer uma viagem

conhecer novos caminhos

novos estímulos

trazer comigo força

energia, determinação, coragem...

e acima de tudo

muita paz e amor

 

Agora, rejuvenescida

volto para casa

para que não mais

este corpo que me sustenta

fique triste, magoado, desiludido

e volte de novo a sorrir...

e ser feliz.

 

Mário Margaride


quinta-feira, 17 de abril de 2025

HOJE AS PALAVRAS CANSARAM

 

Hoje as palavras cansaram

não lhes apetece falar

não querem repetir o que disseram ontem

 

A epidemia da surdez

obstruiu os tímpanos do mundo

a surdez é tão grande, tão grande

que as palavras se cansaram

de não serem ouvidas

de serem ignoradas

de serem deitadas ao lixo

de serem maltratadas!

 

Por isso

hoje as palavras não querem falar

amanhã, quem sabe!

o mundo desentupa os ouvidos

e as palavras…

voltem de novo a falar.

 

Mário Margaride


Bom fim de se semana, e Feliz Páscoa!

Beijos e abraços!

domingo, 13 de abril de 2025

GRITOS SILENCIOSOS

 

Junto ao rio da indiferença

onde mergulha a desilusão

estava deitada a quimera

ao pé da inquietação

 

Junto ao vale do infortúnio

sentada em pose de musa

estava a tristeza, coitada!

sozinha, muito confusa

 

Ao lado, estava o lamento

trazendo o amor que fenece

de olhos semicerrados

pousando os braços cansados

sobre os joelhos em prece

 

Por fim, lá estava a agonia

com a alma a sangrar

deitada sobre um manto

sufocada em mudo pranto

sem vontade de chorar…

 

Mário Margaride


sexta-feira, 11 de abril de 2025

SERÁ QUE A CULPA É DA HIPNOSE?


Não sei o que o tempo diz

nem tão pouco se a chuva cai

nem se o mar engole o rio

nem se o frio aquece o ar

 

Se calhar é mesmo o mundo

que gira sempre ao contrário

 

Ou talvez sejamos nós

que pensando tão à frente

e enchemos a barriga

de gazes efeito estufa

sem ligarmos patavina

ao ar que não respiramos

por tão entretidos que andamos

com filmes a preto e branco

que nos fazem engolir

 

E doravante cá vamos

andando adormecidos

nesta enorme pasmaceira

sem ter vontade de rir

hipnotizados que estamos

nesta  enorme histeria

 

E em vez de darmos murros na mesa

por andarmos intoxicados

com as dozes de ignorância

que nos servem dia a dia

sem sequer pestanejarmos

vamos assobiando para o lado

vendo o comboio a passar

 

Será que a hipnose

nos atingiu por tabela?

ou nos puseram no mar

a andar de barco à vela?

 

Mário Margaride

25-04-2025

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

domingo, 6 de abril de 2025

ESTE MISTÉRIO

 

Este corpo

que cobre todo o meu ser

que me exige e faz sentir

coisas que nem sempre entendo...

 

Esta mente

que muitas vezes é surda

e não ouve o que lhe digo

e insiste teimosamente

em deixar-me constrangido

perante o que vou vivendo...

 

É um dilema…

que sempre me acompanhou

 

É um mistério

que terei que aceitar

sem poder explicar

nem sequer compreender

 

Agora, só tento conciliar

ou até, minimizar

a singular discrepância

 

Uns dirão, que foi um ser divino

que nos traçou tal destino

e que temos que aceitar

este total desatino

sem nada reclamar

 

Não aceito, não senhor!

ser mandado, por um tal ser divinal

que nunca vi nem conheço

que nos controla e comanda

como se fossemos robôs 

não, não aceito

 

Tenho corpo e tenho mente

que vivem, constantemente

em desacordo total

 é verdade


Mesmo neste labirinto

não entendendo o que sinto…

serei sempre eu, no final.

 

Mário Margaride