Olhamos as sombras que vestem o acaso
onde o sol permanece frio
nas dunas cinzentas do esquecimento
As areias ferem os pés cansados
das caminhadas intermináveis
na praia do desespero e da indignação
Onde a areia falta
e as pedras se instalam como tapetes rolantes
no chão despido de claridade
nas sombras que vestem o acaso.
Mário Margaride
26-08-2025
Na bruma densa de um meio caminho
entre o que são e o que ainda serão
habita um grito, calado e sozinho
que não sabem de onde veio...ou porquê
O peito é um campo de guerra e de flores
um caos vestido em roupa de festa
sonhos que brilham, medos, rancores
onde tudo pulsa, tudo protesta
Ouvem mil vozes dentro da cabeça
cada qual diz: “vem por aqui"
mas se seguem uma, a outra começa
e as duvidas surgem, dentro de si
Querem ser livres
mas buscam um abrigo
querem ser fortes
mas há choro escondido
Querem o silêncio
mas vivem de ruídos
querem o amor
mas andam perdidos
E mesmo perdidos
continuam a andar
com passos incertos
mas fome de amar
Eles sabem…
só não sabem explicar
que há mais dentro deles
do que apenas sonhar.
Mário Margaride
Beijos e abraços!
Ah, que nobre é este político
de gravata, bem penteado
falando em nome do povo
com ar solene e sagrado
Grita "pátria!" com fervor
diz que é pessoa de bem
depois assina, com louvor
um contrato que ninguém tem
Promete escola, pão, saúde
diz que odeia a corrupção
mas seu primo por “coincidência”
ganhou contratos e ostentação
É um mestre da pose e do nada
um ator sem culpa ou memória
quando é apanhado, nega tudo
e ainda escreve a própria história
E nós? batemos palmas, iludidos…
seduzem-nos com festas e iguarias
enquanto os mesmos sorriem
vendendo as velhas fantasias.
Mário Margaride
Esta é a minha participação, a convite da amiga Roselia Bezerra,
nos 16 Anos do Blogue Idade Espiritual.
Na vitrine dos dias
onde rostos se vestem
com sorrisos pintados
as máscaras se repetem
Cada passo é ensaiado
cada gesto contido
nesta dança do mundo
onde o eu, é escondido
Vestem-se de sucesso
de calma, de fé
enquanto por dentro
a mentira ainda é
Falam de amor
com vozes de aço
negociam verdades
num falso abraço
Mas há quem resista
quem rompa o papel
e lhes caia a máscara
do teatro cruel.
Mário Margaride
Há as linhas que os olhos não veem
mas que o coração reconhece
não é muro, nem corrente
mas o limite que enobrece
É a ética, semente antiga
que cresce onde há respeito
não exige ser perfeita
mas sim reta, e com direito
Nem sempre é fácil segui-la
quando o ganho está do outro lado
mas quem pisa terra firme
não teme espelho rachado
É escolha em cada gesto
é silêncio que se impõe
é dizer “não” ao que é fácil
por um “sim” que se constrói
E se o mundo começa a ruir
com paredes de falsidade
que a ética seja exemplo
como farol da humanidade.
Mário Margaride
Beijos e abraços!