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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

ENTRE O QUE SE DIZ E O QUE SE PENSA


Dizes que me amas

mas o silêncio entre as palavras

pesa mais do que o som delas


Toques leves

como promessas feitas com medo

olhares que se desviam

quando a verdade ameaça cair dos olhos


Amamo-nos como quem se defende

beijos com gosto de dúvida

abraços que apertam

e afastam ao mesmo tempo


Queremos a presença

mas suspiramos alívio na ausência


Dizes que és livre

mas pedes que eu não voe


Eu digo que entendo

mas guardo perguntas debaixo da língua


É amor? Talvez

ou o nome que damos ao que resta

quando o desejo e o medo

dividem a mesma cama


Construímos pontes com palavras que não sustentam peso

e esperamos que suportem a travessia


Há ternura, sim

mas também há cansaço

aquele que vem de caminhar em círculos

à procura de um centro que já não existe


E mesmo assim, ficamos

por hábito

por afeto

por não saber recomeçar


Ou porque, no fundo

o amor também é isto

um enigma sem solução

mas com laços que ainda sabem apertar o peito

do lado escondido de dentro.


Mário Margaride

08-08-2025

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

3 comentários:

  1. Quantas vezes assim é!
    Aprecio muito a sua maneira de fazer poesia com as realidades da vida.
    Beijinhos e tudo de bom!

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  2. Olá, amigo Mário!
    Recomeçar não é para qualquer um:
    "por não saber recomeçar", casamentos chegam às Bodas de Ouro infelizes.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Abraços fraternos

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  3. Parabéns por mais um extraordinário poema.

    Sabes colocar em poesia a realidade e isso é muito difícil de alcançar.

    Te abraço com carinho e votos de bom fim de semana.

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