Dizes que me amas
mas o silêncio entre as palavras
pesa mais do que o som delas
Toques leves
como promessas feitas com medo
olhares que se desviam
quando a verdade ameaça cair dos olhos
Amamo-nos como quem se defende
beijos com gosto de dúvida
abraços que apertam
e afastam ao mesmo tempo
Queremos a presença
mas suspiramos alívio na ausência
Dizes que és livre
mas pedes que eu não voe
Eu digo que entendo
mas guardo perguntas debaixo da língua
É amor? Talvez
ou o nome que damos ao que resta
quando o desejo e o medo
dividem a mesma cama
Construímos pontes com palavras que não sustentam peso
e esperamos que suportem a travessia
Há ternura, sim
mas também há cansaço
aquele que vem de caminhar em círculos
à procura de um centro que já não existe
E mesmo assim, ficamos
por hábito
por afeto
por não saber recomeçar
Ou porque, no fundo
o amor também é isto
um enigma sem solução
mas com laços que ainda sabem apertar o peito
do lado escondido de dentro.
Mário Margaride
08-08-2025
Beijos e abraços!
Quantas vezes assim é!
ResponderEliminarAprecio muito a sua maneira de fazer poesia com as realidades da vida.
Beijinhos e tudo de bom!
Olá, amigo Mário!
ResponderEliminarRecomeçar não é para qualquer um:
"por não saber recomeçar", casamentos chegam às Bodas de Ouro infelizes.
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos
Parabéns por mais um extraordinário poema.
ResponderEliminarSabes colocar em poesia a realidade e isso é muito difícil de alcançar.
Te abraço com carinho e votos de bom fim de semana.
Ogni rapporto d'amore, nel tempo si esaurisce, ma l'affetto tiene uniti.
ResponderEliminarVersi apprezzati.
Un caro saluto
obrigado!
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