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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O LASTRO DA ILUSÃO


 Na rua estreita da mente vazia

se prometem mundos

sem chão nem razão

e na noite escura 

caminha sorridente a ilusão

vestida de dia

com olhos pintados

de falsa paixão

 

A irresponsabilidade, rindo ao lado

foge do peso, do tempo, do fim

atira promessas num dado viciado

vive de instantes

sem rumo 

sem sim

 

Constrói castelos de vento e espuma

cada passo

um salto no sono

onde o real se afoga e se esfuma

e em cada escolha

um eco sem dono

 

Mas quando a névoa enfim se dissipa

resta o vazio, o rastro, o lamento

e a verdade, nua, se precipita

de quem trocou vida por fingimento.

 

Mário Margaride


Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

domingo, 5 de outubro de 2025

CRIANÇA

 Donzela doce criança

sofres contida, tua dor

porque te tratam assim

não tens direito ao amor…!

 

Sofres dor que não querias

grita quando ela te dói!

grita sempre não te cales!

a dor contida, corrói…

 

Mário Margaride

04-2007


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

COM O NARIZ EMPINADO


 Com nariz empinado só olha para cima

despreza os passos de quem o guia

e cada verdade que o mundo ensina

é soterrada na sua ironia

 

Fala alto, mas ouve tão pouco

julga-se sábio, mas nada aprende

na pressa de se ver como um louco

que só a si mesmo se compreende

 

A arrogância, fera disfarçada

cobre o peito com ouro e desdém

mas a alma, por dentro, está calada

com sede de tudo e cheia de ninguém

 

E um dia, no eco da sua voz oca

vê ruir a torre feita de orgulho

descobre que a queda é sempre mais louca

quando se constrói sem chão, mas sim com barulho.

 

Mário Margaride

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

NOS ESCOMBROS DA CIVILIZAÇÃO


 Nos escombros da civilização

os abutres vasculham os despojos

lambuzando os restos nauseabundos

no chão negro da desolação

 

O silêncio sufoca a dor

e o grito emerge pungente

da penumbra da escuridão

onde a indiferença sorri

em todo o seu esplendor

 

Nesta asfixia repugnante

onde a impotência é atroz

jaz no chão moribundo

o grito impotente

da nossa indignação.

 

Mário Margaride

27-09-2025


sexta-feira, 26 de setembro de 2025

ENTRE O QUE SE DIZ E O QUE SE PENSA


Dizes que me amas

mas o silêncio entre as palavras

pesa mais do que o som delas


Toques leves

como promessas feitas com medo

olhares que se desviam

quando a verdade ameaça cair dos olhos


Amamo-nos como quem se defende

beijos com gosto de dúvida

abraços que apertam

e afastam ao mesmo tempo


Queremos a presença

mas suspiramos alívio na ausência


Dizes que és livre

mas pedes que eu não voe


Eu digo que entendo

mas guardo perguntas debaixo da língua


É amor? Talvez

ou o nome que damos ao que resta

quando o desejo e o medo

dividem a mesma cama


Construímos pontes com palavras que não sustentam peso

e esperamos que suportem a travessia


Há ternura, sim

mas também há cansaço

aquele que vem de caminhar em círculos

à procura de um centro que já não existe


E mesmo assim, ficamos

por hábito

por afeto

por não saber recomeçar


Ou porque, no fundo

o amor também é isto

um enigma sem solução

mas com laços que ainda sabem apertar o peito

do lado escondido de dentro.


Mário Margaride

08-08-2025

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!