MÁSCARAS SOCIAIS

  Esta é a minha participação, a convite da amiga Roselia Bezerra, 

nos 16 Anos do Blogue Idade Espiritual.

MÁSCARAS DA MULTIDÃO

 

Na vitrine dos dias

onde rostos se vestem

com sorrisos pintados

as máscaras se repetem

 

Cada passo é ensaiado

cada gesto contido

nesta dança do mundo

onde o eu, é escondido

 

Vestem-se de sucesso

de calma, de fé

enquanto por dentro

a mentira ainda é

 

Falam de amor

com vozes de aço

negociam verdades

num falso abraço

 

Mas há quem resista

quem rompa o papel

e lhes caia a máscara

do teatro cruel.

 

Mário Margaride

A LINHA INVISIVEL

 Há as linhas que os olhos não veem

mas que o coração reconhece

não é muro, nem corrente

mas o limite que enobrece

 

É a ética, semente antiga

que cresce onde há respeito

não exige ser perfeita

mas sim reta, e com direito

 

Nem sempre é fácil segui-la

quando o ganho está do outro lado

mas quem pisa terra firme

não teme espelho rachado

 

É escolha em cada gesto

é silêncio que se impõe

é dizer “não” ao que é fácil

por um “sim” que se constrói

 

E se o mundo começa a ruir

com paredes de falsidade

que a ética seja exemplo

como farol da humanidade.

 

Mário Margaride

Bom fim de semana!

Beijos e abraços!

A FARSA

 O amor já não mora aqui

houve um tempo em que o silêncio era conforto

agora é peso

 

As palavras continuam

mas perderam o que as fazia falar verdade

 

Dizem coisas por hábito

como quem assina papéis sem ler

 

Os gestos seguem

o beijo, o abraço,

o “como foi o teu dia”?

 

Mas tudo soa ensaiado

como atores que já decoraram o texto

mas esqueceram a essência da peça

 

Não há raiva

há uma calma estranha

de quem aceitou a ausência como companhia

 

Vivem lado a lado

mas estão ausentes

 

Dividem o mesmo espaço

mas são estranhos  na mesma casa

 

Não foi de repente

o amor foi deixando bilhetes de despedida

em olhares desviados

em toques que não pediam mais nada

 

Agora só resta a ilusão

a triste fachada.

 

Mário Margaride

JARDIM DOS ESPELHOS QUEBRADOS

 No jardim onde os espelhos se quebram

flores nascem de raízes amargas

cada pétala carrega um segredo

cada aroma, um suspiro de farsa

 

As árvores cochicham em línguas de vidro

folhas afiadas cortam promessas

o vento, cúmplice do desprezo

sopra verdades que ninguém confessa

 

Há um rio que corre ao contrário

feito de lágrimas que nunca caíram

nele navegam barcos de orgulho

com velas costuradas em silêncio frio

 

E no centro, o trono da mesquinhez

feito de ossos de gestos esquecidos

coroado com risos que não têm alma

guardado por sombras sem nome, sem abrigo

 

Mas mesmo ali, entre ruínas e espinhos

um pássaro canta, desafinado, persistente

porque até no deserto da indiferença

a poesia insiste em ser semente.

 

Mário Margaride

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

SÃO COMO VÉUS DE ALGODÃO CINZENTO

O sol desperta em brilhante beleza

dourando o céu com seu clarão

mas vêm as nuvens, com leveza

trazendo sombras e um apagão

 

São como véus de algodão cinzento

que dançam lentos, sem rancor

e num silêncio macio e lento

apagam brilhos, abafam o calor

 

mas por trás do escuro

o sol descansa sem rancor

ele sabe que o tempo, calmo e puro

desfaz a sombra com ardor

 

Então

se o céu nublado engana

com sua capa de ilusão

o sol, por mais que calor que emana

também descansa em mansidão.

 

Mário Margaride

16-07-2025