Leio nos teus olhos uma palavra muda
eles brilham como folhas molhadas
soltam-se numa urdida fuga
nas longas viagens encantadas...
Cruzam-se os desejos
no encontro das nossas bocas...
consuma-se o beijo
o desejo e as emoções apelam
ao fervor dos nossos corpos...
Conjuga-se o desejo...
abraço a onda
beijo a crista
saboreio a espuma...
extasiado pela intensidade...
envolvo-me na conspiração do teu amor!...
Mário Margaride
11-05-2022
Não sei se sei muito ou pouco
ou talvez nem saiba nada
o saber tem em si mesmo
procura continuada.
Dos fracassos às glórias
do passado ao presente
revisitar as memórias
para dar luz à nossa mente.
Não sei se sei muito ou pouco
ou talvez nem saiba nada
mas uma coisa eu sei
dentro desta confusão
mesmo sem nada saber
consigo bem perceber
como mente o aldrabão.
Mário Margaride
08-05-2022
O poema é a escrita contínua
a palavra que nunca termina
que nunca se gasta
no universo do poeta
na essência do seu eu.
A vida se converte
numa forma de escrita
cada passo é uma letra
e cada gesto uma pontuação.
A poesia escreve-se a si própria
a palavra não se gasta
na essência da escrita.
E uma palavra é suficiente
para toda a ação do texto
no universo da poesia.
O verbo ser
está sempre presente
O outro verbo
o nunca
é simplesmente a sua sombra.
Mário Margaride
São apenas lembranças
que retenho em mim
de tudo o que fomos
e que teve o seu fim.
Memórias que ficam
dos belos momentos
que juntos passamos
entre chuvas e ventos.
São estas memórias
de um amor sem igual
que juntos vivemos
pró bem e pró mal.
Um turbilhão de emoções
onde mais nada interessava
num mar de sensações
que nunca acabava.
Mas na vida da gente
tudo tem um fim
ficam as lembranças...
que retenho em mim.
Mário Margaride
02-05-2022
Solta-se o grito
num ruído silencioso
fazendo estremecer
as entranhas da solidão
Um clamor sufocado
grita em silêncio
o nome da dor
no âmago que sustenta
sussurra silenciosamente
a mágoa, o torpor.
Solta-se o grito
nas entranhas de mim
num silêncio ruidoso
que não quer ter mais fim.
Mário Margaride
29-04-2022
