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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

ENTRE A GUERRA E O SOSSEGO

 Somos feras de porcelana

erguendo bandeiras de paz com mãos

que ainda tremem do peso das armas


Dizemos “nunca mais”

mas afiamos promessas no frio do metal


Celebramos tratados com taças erguidas

enquanto no fundo dos olhos

arde a centelha antiga do medo


Falamos de pontes

mas traçamos fronteiras com a pressa

de quem teme ser compreendido


Inventamos discursos suaves

gravamos hinos de união

mas deixamos que a poeira das trincheiras

se instale nos cantos da memória

não para aprender

mas para justificar o próximo desvario


Somos contraditórios por natureza

queremos a paz que não sabemos sustentar

a guerra que fingimos não desejar

o futuro que adiamos

entre uma conferência e um silêncio cúmplice


E assim caminhamos

tropeçando entre ideais e instintos

entre o abraço e o punho cerrado

tateando no escuro por uma verdade

que talvez nunca caiba inteira em nós


No fim, resta-nos a pergunta

que ecoa na poeira do mundo

como guardar a paz

se ainda não aprendemos

a desarmar o coração?


Mário Margaride

24-12-2025

Bom fim de semana, e continuação de Festas Felizes!

Beijos e abraços!

2 comentários:

  1. Tua poesia é linda e de uma lucidez e verdade ímpar! Corações andam armados demais e por nada as "guerras" iniciam... Pena!
    abração, lindo último fim de semana do ano! chica

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  2. Profundo poema. El mundo siempre se debate en la guerra y la paz y el odio y el amor Te mando un beso.

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