Não venham os arautos
da santíssima trindade
pregarem-nos sermões
com a suposta verdade
Não venham os iluminados
com certezas que não o são
dizer-nos de mansinho
que este é o único caminho
para a nossa salvação
Não venham!
Pois esses tais iluminados
quais arautos da verdade
não são mais que charlatões
que, devagar, devagarinho
nos falando de mansinho…
não passam de aldrabões!
Mário Margaride
Nas tuas mãos um papel
Pode ser de mil cores
Um soldado sem quartel
Ou um jardim com flores
Um avião que não pousa
Uma bala que não mata
Um cavalo sem arreata
Que não conhece senhor
Um irmão com quem tu brincas
À apanha, e ao pião
Um pão quente que tu trincas
Como só se trinca o pão
Pai que te faz companhia
Nos teus sonhos sempre belos
Uma mãe quente e macia
E que te afaga os cabelos
Tudo quanto a vista alcança
E possas imaginar
Que só tu doce criança
Consegues reinventar.
Mário Margaride
No solo fértil da alma
crescem traumas, dores, cicatrizes
raízes de indiferença insana
que se transformam em geladas raízes
A indiferença brota do medo
é um escudo, uma proteção
de se machucar, de sofrer cedo
contra a dor e a deceção
Experiências passadas, desilusões
transformam o coração em pura apatia
criam muros, erguem prisões
cresce o egoísmo, a falta de empatia
Mas, no fundo, há uma chama
que clama por amor, mas não se inflama
se a regarmos com compreensão e carinho
talvez aos poucos, possamos quebrar esse caminho.
Mário Margaride
28-05-2025
Beijos e abraços!
Neste pedaço de chão
onde passam a correr
ventos que nos enganam
Ventos que passam sorridentes
fustigando as nossas mentes
varrendo a nossa razão
Dizem os sábios do reino
que são apenas ventanias
que nos refrescam a mente
e nos servem um bom cardápio
com diferentes iguarias
Mas será que este cardápio
tem tão saboroso menu
que nos seduza ao ponto
de comermos só com os olhos?
Ou será...
que depois de tal degustação
chegamos à conclusão
que está estragada a iguaria?
Mas neste pedaço de chão
o que sopram noite e dia
não são cardápios de iguarias
são rajadas de ilusão!
Mário Margaride
23-05-2025
É ensurdecedor, o barulho deste mar
onde suas vagas gigantescas
esbarram violentamente
na praia da inquietação
No mastro deste navio da esperança
as gaivotas descansam tranquilas
esperando um novo amanhecer
absortas num sonho que sustentam
O sol nasce no horizonte
iluminando a imensidão do mar…
A serenidade se instala
a esperança regressa
a este navio que navegava à deriva
sem rumo, sem norte
sem horizonte à vista
Corre uma brisa refrescante
que sopra leve, levemente…
fazendo as ondas do mar
voar em círculos sobre o céu
onde o azul o abraça
e o sol brilha
em todo o seu esplendor!
Mário Margaride
Beijos e abraços!