Vai um tronco à deriva na corrente
resto de árvore pujante, silenciosa
que, a um vento forte ou mão ardilosa
não resistiu e caiu, tal como gente.
Qualquer entulho, sendo proeminente
marca-lhe o curso na água alterosa
da árvore, antes firme, mas airosa
resta um náufrago perdido e indigente.
É assim, sejam árvores ou pessoas
não basta que sejam retas, sejam boas
para enfrentar o vento ou o ardiloso.
Quanto melhores são, maior é a cobiça
despertada na mente que se encarniça
em atirá-las para terreno pantanoso.
Mário Margaride
25-10-2021