Estou em frente ao computador
Desinspirado, nada me ocorre
Há um vazio dentro de mim
São momentos...
Que não sabemos, o que pensar
De repente...
Lembramo-nos, de algo
Que nos aguça, a memória esquecida
Recuo então, no espaço e no tempo
Da minha infância
Lembro-me...
De um menino franzino
Irrequieto e triste...
Recordo uma criança pobre, e infeliz
Uma lágrima...
De repente escorre, pelo meu rosto
Aturdido!
Pensei em parar, mas...
Continuei...
Rebuscando no baú das minhas memórias
Infelizes, mas reais
Imagens longínquas
Recordo o menino, pobre e triste
Que tinha fome... E não tinha pão
Arrepio-me, só de lembrar-me!
Decido então...
Repor novamente no sótão
O baú das memórias
Para que repouse em descanso
Guardando no seu seio...
Imagens, que são marcas, que nos marcam
E que fazem de nós, o que somos hoje
Nesta passagem, da nossa existência.
Mário Margaride