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segunda-feira, 5 de abril de 2021

GRITOS SILENCIOSOS...


Junto ao rio da indiferença

Onde mergulha a desilusão

Estava deitada a quimera

Ao pé da inquietação


Junto ao vale do infortúnio

Sentada em pose de musa

Estava a tristeza, coitada!

Sozinha, muito confusa


Ao lado, estava o lamento

Trazendo o amor que fenece

De olhos semi cerrados

Pousando os braços cansados

Sobre os joelhos, em prece


Por fim, lá estava a agonia

Com a alma a sangrar

Deitada sobre um manto

Sufocada em mudo pranto

Sem vontade de chorar...


Mário Margaride 


sexta-feira, 2 de abril de 2021

FUNESTA ALEGRIA


Numa noite de alegria, como esta

Há nos copos e na farra

Um toque de tristeza... e solidão

Onde nos afogamos

Em bebedeiras sem fim

Esquece-se então os problemas

Esvaía-se a solidão...


Tudo é euforia!

Onde mais nada existe em nossa mente

Qual nuvem negra...

Que escurece o nosso pensamento

E o torna obscuro, e oco...


Ah, funesta alegria!...


Que alimentas falsas ilusões

Em muitos corações amargurados

E fazes com que homens malfadados

Tenham o princípio... do seu fim.


Mário Margaride 


quarta-feira, 31 de março de 2021

PENSO EM TI


Penso em ti

E relembro as palavras, os gestos, os sorrisos

Folhas de um livro desfeito 

Caídas, uma a uma, na minha mão 

Traços dispersos, de uma pintura inacabada 

Fios de luz, com que a memória me compensa 

E torna mais suave, a solidão... 


Recordando... 

Ignoro a realidade, e o ritmo dos dias

De ontem...faço hoje, e amanhã 

Prolongo o que foi ontem...adio o fim. 


Nesta troca de tempos, busco um tempo 

Em que a emoção que persiste, esmoreça 

E finalmente, morra em mim. 


Mário Margaride 




domingo, 28 de março de 2021

QUERO EM TI ADORMECER


Junto ao teu regaço eu adormeço

Em tão suave cama eu me deito

Não quero acordar tão belo sonho

Que dorme tranquilo, no seu leito


No sonho me embriago noite dentro

No cetim dos lençóis em que me deito

Teus braços absorvem minha ânsia

Adormeço no regaço, do teu leito


Teus cabelos seda superior

Em teus belos ombros se sustentam

Neles pouso suavemente e adormeço

Neste torpor neste sonho, que alimentam


Na cambraia no cetim da tua pele

Meu sonho passeia de mansinho

Não quero acordar deste meu sono

Quero em ti adormecer, devagarinho...


Mário Margaride 


sexta-feira, 26 de março de 2021

QUANDO ESTÁS LONGE DE MIM


Há sombras no meu olhar

Quando estás longe de mim

Pousam, voam, vão e voltam...

Se uns raios de luz se soltam

Logo fenecem e, assim

Tudo o que vejo é sombrio

Sinto-me só, tenho frio

Há sombras no meu olhar

Quando estás longe de mim.


Quando regressas, por fim

Renasce a minha alegria

Todo o meu olhar é luz

E até o frio se reduz

Só por estares perto de mim

Ah! Saboroso arrepio

Que corre em mim como um rio

Da sombra só fica o espaço

Que estreitamos num abraço

Quando regressas, por fim...


Mário Margaride