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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

NA JANELA DOS NOSSOS OLHOS

 

Na janela dos nossos olhos

Abrem-se as persianas do tempo

Para a nova aurora chegar

Neste quarto escuro, sombrio

Onde mora e dorme o frio

Onde o sol não tem lugar.


Na janela dos nossos olhos

Abrem-se caminhos de esperança

Para a luz poder caminhar

Neste quarto de carvão

Onde sombras pairam no ar

Trepam paredes

Se espalham no chão.


Na janela dos nossos olhos

Deixemos uma frincha aberta

Para que a luz sempre desperta

Ilumine a escuridão....


Mário Margaride



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

É urgente sair!

 

O ar está viciado

Irrespirável

Sente-se o cheiro pestilento

Infestar as paredes

O tecto

Todos os cantos desta cárcere

É um cheiro insustentável

Nauseabundo

É urgente sair! Deste degredo

Respirar ar puro

Oxigenar a alma

Lavar o sarro

O cheiro a bafio

Que fede putrefacto, nesta masmorra

Ah! Liberdade que tardas

Que demoras a chegar

Nos manténs cativos

Dentro destas quatro paredes

Que nos castram os sentidos

Atormentam as emoções

É urgente sair! Desta prisão.


Mário Margaride




sábado, 16 de janeiro de 2021

Para onde vai afinal?

 

Não sei para onde vai agora

Neste preciso momento

Este navio à deriva

Perdido ao sabor do vento.


Navega em mar agitado

Debaixo de tempestade

Com casco debilitado

Este navio assombrado

Não tem força, nem vontade.


Navega em águas geladas

Em constante ondulação

Seu casco não aguenta

Está muito frágil, rebenta

É a sua maldição.


Navega em mar de tormentas

Debaixo de um vendaval

Sem ter rumo, sem ter rota

Para onde vai afinal?


Mário Margaride




terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Com palavras

 

Com palavras, vou criando o que não faço

Outras vezes, enuncio o que faria

Se, p'ra estar junto de ti, bastasse um passo

E esquecer, logo depois, bastasse um dia.


Com palavras, vou esculpindo a tua imagem

Que coloco no altar da tua ausência

Porque, mais do que um desejo, uma miragem

Um aroma ou um perfume... eu busco a essência!


Com palavras, enfeito a solidão

A que a minha utopia me condena

Mas, nesta 'pena', dito a pena e a prisão

Por isso a cumpro, infeliz, vil quarentena.


Com palavras, afugento nostalgias

Que por vezes, me assaltam como vagas

Que ameaçam varrer sonhos, fantasias...

Que seria de mim, só, sem as palavras?


Mário Margaride



sábado, 9 de janeiro de 2021

Páginas

Este livro, estas folhas, estas páginas

De traço carregado, assim escritas

Nelas estão contidas, dor e lágrimas

Que minhas mãos deixaram, bem descritas


Estas páginas deste livro que escrevo

De ilusões, fantasias, sofrimentos...

Desfolharei uma a uma, como a um trevo

Que de sorte, nada teve, só tormentos


Estas páginas de dor e amargura

Lavrado com a mais pura frustração

São páginas nas quais, de alma pura

Espelha a dor que sai...do coração.


Se um dia, noutro tempo, noutra hora

Uma página colorida escreva então...

Talvez possa pintar a minha aurora

Com cores de primavera, porque não!


Mário Margaride