Gravo na pedra o meu grito
Que no silêncio suporta a minha dor
Gravo na lápide do desalento, a esperança
Deixo a porta da cela, o rancor
Não há fechadura, chave, nem grilhetas
Carrasco, guarda, ou ladrão
Há no chão, encarcerado, moribundo
O desalento, a dor, a inquietação
Aquele chão negro da tristeza
O verde da esperança pintará
Naquela cela escura, cor da morte
O sol da alegria chegará
O silêncio mudo ganha voz
E esse corpo inerte se levanta
Dando vida á morte que há em nós
Com o grito preso, na garganta!
Mário Margaride