Donzela doce criança
sofres contida, tua dor
porque te tratam assim
não tens direito ao amor…!
Sofres dor que não querias
grita quando ela te dói!
grita sempre não te cales!
a dor contida, corrói…
Mário Margaride
04-2007
AS PALAVRAS SÃO A ESSÊNCIA DA POESIA. ELAS SÃO O CORPO, A ALMA...E A SUA VOZ. SEJAM BEM-VINDOS!
Donzela doce criança
sofres contida, tua dor
porque te tratam assim
não tens direito ao amor…!
Sofres dor que não querias
grita quando ela te dói!
grita sempre não te cales!
a dor contida, corrói…
Mário Margaride
04-2007
Com nariz empinado só olha para cima
despreza os passos de quem o guia
e cada verdade que o mundo ensina
é soterrada na sua ironia
Fala alto, mas ouve tão pouco
julga-se sábio, mas nada aprende
na pressa de se ver como um louco
que só a si mesmo se compreende
A arrogância, fera disfarçada
cobre o peito com ouro e desdém
mas a alma, por dentro, está calada
com sede de tudo e cheia de ninguém
E um dia, no eco da sua voz oca
vê ruir a torre feita de orgulho
descobre que a queda é sempre mais louca
quando se constrói sem chão, mas sim com barulho.
Mário Margaride
Beijos e abraços!
Nos escombros da civilização
os abutres vasculham os despojos
lambuzando os restos nauseabundos
no chão negro da desolação
O silêncio sufoca a dor
e o grito emerge pungente
da penumbra da escuridão
onde a indiferença sorri
em todo o seu esplendor
Nesta asfixia repugnante
onde a impotência é atroz
jaz no chão moribundo
o grito impotente
da nossa indignação.
Mário Margaride
27-09-2025
Dizes que me amas
mas o silêncio entre as palavras
pesa mais do que o som delas
Toques leves
como promessas feitas com medo
olhares que se desviam
quando a verdade ameaça cair dos olhos
Amamo-nos como quem se defende
beijos com gosto de dúvida
abraços que apertam
e afastam ao mesmo tempo
Queremos a presença
mas suspiramos alívio na ausência
Dizes que és livre
mas pedes que eu não voe
Eu digo que entendo
mas guardo perguntas debaixo da língua
É amor? Talvez
ou o nome que damos ao que resta
quando o desejo e o medo
dividem a mesma cama
Construímos pontes com palavras que não sustentam peso
e esperamos que suportem a travessia
Há ternura, sim
mas também há cansaço
aquele que vem de caminhar em círculos
à procura de um centro que já não existe
E mesmo assim, ficamos
por hábito
por afeto
por não saber recomeçar
Ou porque, no fundo
o amor também é isto
um enigma sem solução
mas com laços que ainda sabem apertar o peito
do lado escondido de dentro.
Mário Margaride
08-08-2025
Beijos e abraços!
Ah, as palavras
que são a voz das emoções
e por vezes são tão singelas
mas pintam cores e alegria
e esvoaçam pelas janelas
Ah, as palavras
transportando a nossa dor
a alegria, a ternura, o amor
que as vão tornando mais belas
Ah, as palavras
caladas dentro de nós
mas como se fosse magia
lhes damos forma e voz...
e assim nasce a poesia.
Mário Margaride