Sou passageiro que passa
neste lado, nesta margem
onde o silêncio se ouve
quando cruzo esta passagem.
Sou o tempo que se esvai
por entre o vento que passa
nesta ponte que não liga
às más línguas da chalaça.
Vou subindo os degraus
desta torre imponente
por muito que vá subindo
quer vá calado ou sorrindo
há sempre gente na frente.
Sou assim, um caminheiro
que por aqui vai passando
atravessando fronteiras
ultrapassando barreiras
nesta estrada, caminhando.
E assim, com subtileza
dentro desta confusão
lá vou gerindo os meus passos
entre encontrões, e abraços
neste tempo em convulsão.
Mário Margaride
20-01-2022