Entre luz e sombra
dançamos numa indefinição sem fim
carregamos no peito
um querer tão mesquinho
amamos o eterno
mas tememos o instante
sonhamos com o longe
e desprezamos o distante
Embora a razão nos guie
a paixão nos confunde
por vezes o silêncio é tudo
mas o grito nos ilude
Buscamos virtude
tropeçamos na vaidade
mas entre o bem e o mal
desenha-se a humanidade
Corremos atrás do que nunca se prende
guardamos riquezas que o tempo desfaz
tememos o vazio
vagueamos num vácuo de escolhas
somos eternos vultos
mergulhados numa enorme indefinição
Eis o paradoxo do ser humano que somos
fragmentado, intenso, perdido
mas livre nas suas escolhas
um mar de contrastes
sedentos de claridade.
Mário Margaride
29-03-2025