No silêncio da noite
o coração sussurra
emaranhado num mar de emoções
onde o sentir se inquieta
num labirinto de contradições.
Amar e temer
como fios entrelaçados
caminhando na corda bamba da paixão.
O amor, doce e amargo
como um vinho antigo
às vezes suave como o vento
acariciando a pele
outras vezes
um furacão que arrasta tudo consigo
nas contradições do sentir
encontramos abrigo.
A saudade
essa faca de dois gumes
corta profundamente
mas também nos mantém vivos.
É o eco das memórias
o perfume das lembranças
um paradoxo que nos faz sorrir e chorar.
E o medo? Esse companheiro fiel
que nos impede de voar
mas também nos protege.
Medo de perder
de se entregar
de ser vulnerável
uma dança entre coragem e fragilidade.
Assim somos nós
seres de contradições
corações que pulsam entre o sim e o não
e na teia dos sentimentos
encontramos a nossa essência
e nos perdemos para nos reencontrar.
Que as contradições do sentir
sejam a nossa poesia
a melodia que embala
as nossas noites solitárias.
E que, no enigma do amor
encontremos a verdade
na dança eterna
entre o desejo
e a realidade.
Mário Margaride
28-04-2024