O amor não grita quando morre
ele se desfaz em silêncio
feito porcelana fina
que racha aos poucos
nas mãos de quem ainda acredita
Vai perdendo cor nos dias comuns
no abraço que não vem
no olhar que passa reto
na palavra que falta
quando mais era preciso ficar
Amar sozinho cansa
cansa oferecer cuidado
e receber ausência
cansa estender a alma
e sentir que ninguém a segura
Sem carinho, o amor esfria
sem devoção, ele duvida
sem respeito, ele encolhe
sem compreensão, ele se parte
em pedaços pequenos demais
para serem colados
E mesmo assim, cada fragmento
ainda lembra o que poderia ter sido
um lugar seguro
um nós inteiro
um amor que não precisasse pedir
para ser amado.
Mário Margaride












