Vagueio
entre o silêncio e o vazio
saio de mim por instantes
como se de repente...morresse
e deambulasse nas escarpas da penumbra
na escuridão dos escombros
dispersos no chão
despojados de vida
onde os meus desejos apodrecem
O cheiro pestilento da mentira
me incomoda e me repugna
neste constante rastejar
nas margens das macabras silhuetas
É preciso renascer
das cinzas da morte
reinventar a beleza da vida
a sua pureza
o seu perfume
que ressuscite a dignidade de viver
Divagando
procuro em vão
um sorriso, um abraço
neste universo viciado
de nefastas contradições
Olho o horizonte longínquo
a chuva que cai lá fora
na sombra do desespero
e da ambiguidade
Corroem-me as entranhas
de tanta vezes ingerir
o veneno da maldade
do ódio
e da indignação
Vagueio
entre o silêncio e o vazio
nas entranhas profundas
do meu coração.
Mário Margaride
26-01-2025