A incerteza
é como uma sombra inquieta
que paira sobre nós
subtil e traiçoeira
que sempre nos atormenta.
Quem quase amou
não amou de facto
e o coração se perde em desalento
as oportunidades escapam pelos dedos
como folhas ao vento, sem lamento.
A vida
essa dança entre o sim e o não
nos deixa em suspense
em busca do certo
mas o quase, ah...o quase
é o nosso tormento
o eco das escolhas
que não fizemos por medo.
Talvez a virtude esteja no meio termo
mas preferimos o risco
a incerteza do voo
somos primavera inconstante
e verão ardente
como as saudades que nos marcam
quase sem dó.
Então
que o amor queime
e a paixão enlouqueça
pois é melhor viver intensamente
do que apenas existir.
Desconfiemos do destino
acreditemos em nós mesmos
e que o quase não nos impeça
de merecer e de sentir.
Mário Margaride
06-04-2024