Os ecos se propagam
pelas paredes despidas de cor
onde as cores que as pintavam
se encheram de bolor.
São ecos que se estendem
mas margens do meu sentir
onde as vozes da solidão
insistem em emergir.
São ecos que se propagam
pelo nosso pensamento
nas margens das emoções
a cada e todo o momento.
Neste sentir que emerge
novos ecos surgirão
onde a luz e a esperança
darão voz ao coração.
Mário Margaride
27-03-2023
Nas planícies do meu corpo
dormem silêncios que falam
desilusões que se escondem
dos gritos que não se calam.
Nas planícies do meu corpo
dormem os sonhos esquecidos
que emersos na ilusão
choram os amores perdidos.
Nas planícies do meu corpo
há sementeiras de dor
canteiros de esperança
e florestas de amor.
Nas planícies do meu corpo
há canteiros floridos
caminhos por descobrir
e segredos escondidos.
Nas planícies do meu corpo
na essência da minha pele
há trilhos desconhecidos
uns amargos...outros de mel...
Mário Margaride
23-03-2023
As hienas farejam a presa
no intuito de a devorar
esperando astutamente
o momento de atacar.
Assim são os predadores
que nos cercam ardilosos
esperando nos comer
com seus dentes sequiosos.
Somos presas ao luar
sem termos para onde fugir
onde as hienas horrendas
estão escondidas a rir.
Nesta selva sem controlo
somos fáceis de caçar
somos presas indefesas
sem ninguém para nos salvar.
Mário Margaride
19-03-2023
Sejamos crentes ou descrentes
há sempre um punhal que se aponta
na cabeça se instala a confusão
que nos diz que não passa de uma afronta.
Aqueles que nos dizem sejam bons
tratem o outro como irmão
são os mesmos que traiçoeiramente
nos apunhalam bem fundo, no coração.
E nesta senda emerge a hipocrisia
nestes gesto nefastos e nojentos
onde cai por terra a sua máscara
que de maldade e nojo, são protentos.
De pouco ou nada vale a penitência
a estes que se dizem arrependidos
não há perdões no mundo que lhes valham
por estes crimes hediondos, cometidos.
Que haja justiça para aqueles
que sofreram tamanhas atrocidades
e que não venham as vozes distorcidas
encobrir estas cruéis realidades.
Mário Margaride
16-03-2023
Há sombras no meu olhar
nesta solidão funesta
entre os muros do silêncio
entre os risos de uma festa.
Vão longe os sóis que se ofuscam
nas catacumbas de breu
vão longe os tempos que o sol
sorria alto do céu.
Nesta viagem sem fim
onde choram frustrações
tentamos sarar as feridas
que há nos nossos corações.
Vamos caminhando em frente
por vezes sem direção
por estradas tortuosas
nem sempre belas, airosas
ao ritmo do coração.
Mário Margaride
12-03-2023
