Na tumba do sofrimento
jaz imóvel a indiferença
onde a voz do infortúnio
calou a sua presença.
A injustiça é implacável
e dorme impune ao luar
mas há-de pagar o seu crime
quando a justiça acordar.
São estes sinais que o mundo
não pára de nos mostrar
enquanto os vilões festejam
por inocentes matar.
Soem trombetas de alerta
neste mundo em convulsão
para mandar bem depressa
os tiranos, prá prisão!
Mário Margaride
23-02-2023
Beijos e abraços!
São os ventos na colina
que fustigam o meu olhar
nesta montanha agreste
onde me sento a pensar.
São ventos que a vida tem
no seu percurso imperial
com eles tudo arrastam
para o bem e para o mal.
Há ventos que são refrescantes
outros tufões arrasadores
uns nos trazem as tormentas
outros suaves amores.
São os ventos que nos levam
sentados nas suas asas
por infindáveis atalhos
no limbo das madrugadas.
Estes ventos tão difusos
que sopram em contramão
nos baralham, nos arrastam
em constante confusão.
São ventos que se dividem
ora fortes, ora suaves
mas de enorme dimensão
nos causando ciclones...
bem fundo no coração.
Mário Margaride
19-02-2023
São as memórias que ficam
é a solidão que persiste
são os sorrisos que se perdem
nos rostos da gente triste.
São os dias que se esfumam
são as noites que não dormem
são os prantos que não choram
são silêncios que consomem.
São os caminhos errantes
são as noites mal dormidas
são os sonhos que não sonham
são mentes que andam perdidas.
São sinais que a vida dá
são marcas que vão ficando
são os corpos que machucam
são emoções vagueando.
São os circuitos da vida
à nossa volta...girando.
Mário Margaride
16-02-2023
A vida é feita de passos
que vamos dando pelo caminho
uns dados no rumo certo
outros são em descaminho.
Neste vai e vem constante
entre as ideias confusas
caminhamos em ziguezagues
nestas estradas difusas.
São estas nossas epopeias
em busca das utopias
que caminhamos nesta estrada
todas as horas e dias.
Nestes nossos descaminhos
envoltos em contradições
que vamos seguido em frente
neste mundo em convulsões.
Mário Margaride
12-02-2023
Gostava de te ver daqui
desta janela entreaberta
onde a solidão deambula
nesta morada deserta.
Nesta casa onde o calor
anda ausente, fugidio
abro a janela da esperança
para aquecer este frio.
Nesta janela entreaberta
onde se vislumbra o luar
lá dentro se encolhe o frio
esperando o sol chegar.
Desta janela entreaberta
se vê ao longe o mar
na esperança que o sol entre...
as abro de par em par.
Mário Margaride
09-02-2023
Beijos e abraços!