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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Á procura de mim

De cada vez que me olho,

Sinto que ainda não sou eu...

Esta parte de mim,

Que em mim habita,

É apenas, meia-vida...

Meio-ser...

Meio-livro,

Que teimo em escrever,

Mas não consigo

Que autor, que não eu,

Encontrará a palavra que falta?...

Pora o ponto final?...

Encontrar o ponto certo exige sapiência

E eu ainda nem venci a reticência...


Mário Margaride



quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Sussurros

 As pedras sussurram quando as piso

Sussurrando entre si em tons difusos

Como se de repente...

Se esquecessem das palavras

Que estavam a dizer.


O vento sopra de mansinho

Com medo de poder acordar-me do meu sonho

Neste torpor enfadonho que me inquieta

Nesta correria desenfreada

Que varre as minhas entranhas

Até ao mais profundo do meu ser...


Mário Margaride



terça-feira, 27 de outubro de 2020

Sombras

Não conheço o som do medo

Nem a sombra do pecado

Mas sei que o medo faz

Ter sombras ao nosso lado.


Na penumbra do silêncio

Sente-se um barulho atroz!

Neste silêncio que dói

E ecoa dentro de nós...


Mário Margaride.

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domingo, 25 de outubro de 2020

Ignoremos tudo

 



Ignoremos tudo.

Sepultemos bem fundo

As nossas consciências

As nossas culpas

A paixão pelos que sofrem

O estandarte da solidão

A miséria, a vergonha

A riqueza, a ostentação.


 

Ignoremos tudo.

Com inteligência e minúcia  

Para que tudo desapareça

Até ao mais ínfimo pormenor

Sem deixar rasto.


Uma réstia de olhar

Ficará pairando como um traço indefinido

Sobre o silêncio sepulcral de tudo ausente.

Onde não haverá vivalma

Não restará ninguém

Para vasculhar bem no fundo

E ver que afinal…

Nada está sepultado.



Mário Margaride